Ultimamente meus trabalhos são feitos nas horas vagas, e elas raramente acontecem, infelizmente.
Esse carinha aí, o Tibúrcio, deu mais trabalho do que eu imaginava. Tentei mudar o tipo de massa e não deu certo. Por outro lado descobri outras técnicas, e o resultado final ficou lindão!
Como a maioria dos meus toys eu reaproveitei uma embalagem usada para estrutura do personagem.
O que tentei mudar foi o tipo de massa, substituí o papel higiênico pelo jornal. Não deu nada certo e também não sei onde errei – ele não aderiu a estrutura, ficou soltando, despedaçando, foi muito desesperador.
Para não perder o trabalho preparei uma nova massa, agora usando a receita original, e salvei o Tibúrcio.
O que fez a diferença nesse toyart foi a utilização de novas técnicas de textura e pintura.
Para conseguir a textura do pelo utilizei uma agulha de costura – sim aquela fininha, e fiz risco por risco. Demorou quase uma hora todo o processo.
Já na pintura, as minhas ousadias foram usar o degrade nos olhos e fazer o acabamento das manchas pretas. Minha preocupação era que ficasse o mais realista possível, e para isso usei um pincel bem fininho. O Resultado, deixo para você avaliar!
Para quem não me conheceu – Muito prazer, Tibúrcio.
Não sei bem quando e onde nasci, aprendi a sobreviver.
Ganhei uma mãe, um pai e até avó, tudo de duas patas, eles me chamaram de Tibúrcio. No começo achei esquisito, mas me davam até leitinho de manhã, gostei dessa vida.
Lá no sítio o verde se emendava com o azulão sem fim. Gostava de olhar para o céu e sair andando sentindo o mato roçar as minhas patas.
Do mesmo jeito desligado que vim para o mundo também me meti em umas encrencas, perdi uns dentes, dei uma descadeirada, mas nunca deixei nenhum grandão se meter a besta. Briga de rua se resolve na rua. Depois voltava pra casa todo esfolado, levava umas broncas e me derretia com os cuidados delas.
Elas se auto chamavam de mãe e avó, mas para mim eram fadas madrinhas.
Entre mudanças e desavenças, venderam o sítio e me trouxeram para a cidade. Agora eu olhava para o cinza e o azul, me acostumei. Porque quando a vida te tira uma coisa, você ganha outra. Desta vez foram uns tios doidos. Eles nunca chegavam com as mãos vazias, tinha cerveja, carvão, carne e linguiçaaaaa. Só de lembrar já fico babando.
Eu já entendia muito bem como funcionava a bagunça e a minha posição era estratégica. Enquanto a Vida se escondia em qualquer canto e a Pequena corria atrás dos calcanhares e dedões, eu sentava ao lado da mesa – esqueci de falar, eu tinha mais irmãos peludos. Todo mundo que pegava um pedacinho de linguiça eu olhava no olho – você já deve imaginar a minha cara – e acabava ganhando outro bem quentinho, era um atrás do outro até a minha mãe gritar “para de dar comida para o Tibúrcio, depois sou eu que aguentoooo”. Não demorava, o samba rolava, a cerveja gelava e eu voltava a ganhar mais um pedaço.
No fim da festa ficavam meios gatos pingados, a brasa branda e era hora de deitar embaixo da churrasqueira e dormir no quentinho com a barriga cheia.
Hoje eu estou aqui, moro no azulão sem fim. Quando acontecem as festas na casa da minha mãe fazem questão de colocar a linguiça primeiro. Fico só olhando meus irmãos correndo atrás das bolinhas, mordendo dedos e se escondendo. Que bobos, nem percebem que a linguiça está esfriando.
Existe na vida a possibilidade de acreditar em estórias e torná-las reais. Nos primeiros acordes do show dos Replicantes no Psicodália 2016, gosto de pensar que os organizadores escolheram a dedo a banda como atração principal para a abertura do Festival neste ano. Aquele impacto necessário para você esquecer o que vivenciava há pouco no portão a fora. Refrões como “é mentira, é mentira”, “governo facista” e “eu quero uma festa punk” te convidam a esquecer os problemas e hipocrisias da vida moderna para entrar numa viagem ao tempo com harmonia, respeito e reflexão, com direito uma festa para todos.
A movimentação nos campings não para um minuto. Sempre alguém chega e encontra seu espaço para barracas. Local tem de sobra. No Camping Mutantes a organização era impecável, com separação de quadras com valas para, caso a chuva resolvesse aparecer como em 2015, houvesse um local para a água correr.
O dia virou. Desta vez o sol dá às caras com muita força, inclusive. Mas agora é hora do café e nossa cozinha precisa ser montada, com fogareiro, armário e mesa. Essa é a nossa opção, preparar a própria comida com os nossos equipamentos. Você também pode escolher utilizar uma das cozinhas comunitárias ou então o café no próprio refeitório a preços acessíveis. Bom dia!
A nossa escolha nesta ediçãoNosso cantinho
Das 6h às 13h o silêncio predomina no Psicodália, a não ser por um ou outro refrão compartilhado pelos caminhos entre as barracas, pelo clássico grito de “Wagneeerrr”, que diz a lenda do cara ter sumido e nunca mais aparecido (veja esse vídeo aqui de 2009, ainda em São Martinho-SC. Hoje o Festival acontece em Rio Negrinho, também em SC) ou então pelo som da Rádio Kombi.
É dia cheio. De aproveitar o festival à sua maneira: nadar no lago, praticar algum esporte como slackline, futebol de golzinho, participar das várias oficinas de arte e meio ambiente, fazer compra nas tendas, assistir às peças de teatro e aos filmes na tenda de cinema ou então pegar a trilha de 40 minutos e visitar a cachoeira para um banho renovador.
Dois palcos fazem parte do Festival: o do Sol funciona das 13h às 21h (e volta às atividades a partir das 3h com o nome de Palco dos Guerreiros) e o Lunar, com os principais shows das 21h às 3h. O esperado do sábado é Nação Zumbi.
Para quem já havia ido a um show deles avisa: prepare-se para a ‘pedrada’. Mas antes tínhamos uma tarde dividindo espaço próximo ao Palco do Sol para curtir Velho Hippie e A Banda Mais Bonita da Cidade. O gostoso do festival é isso: sentar, conversar, conhecer novas bandas e perceber o quanto o Sul do Brasil é forte na cena musical do rock.
Em 2015 tivemos grandes shows. Veja relato aqui. Muitos – se não a maioria – levam a pegada psicodélica/progressiva, como os setentistas Terreno Baldio, com uma apresentação impecável abrindo a noite do Palco Lunar. Neste ano, Nação Zumbi veio para valer a viagem de 10 horas de SP até a Fazenda Evaristo. Com as letras do eterno gênio Chico Science, nos faz relembrar de que precisamos buscar pela justiça, viver com respeito, independentemente da razão de cada um, e aproveitar cada momento com diversão. Detalhe: 3 sons no BIS, com direito a Praieira.
Diversão de sobra com o pessoal do “Francisco El Hombre”, banda com uma energia presente do começo ao fim no seu show no Palco dos Guerreiros. Os caras tocam um ao lado do outro um som, curiosamente definido pela Clara Caldeira neste excelente texto da Hypeness aqui.
Para fechar a noite com mais som, você pode continuar ainda pelo Palco dos Guerreiros ou se mandar para o Saloon, restaurante que vira espaço para dançar ao som de discotecagem com LP. E cada um, na sua!
A arte presente por todos os ladosA arte das oficinasMais arte, agora do grafitte
A arte inclusive em nossa barracaE até nos latões de lixoMais um resultado de Oficina – de Compostagem
#:-SPelo Psicodália, escolha o seu caminhoCaminhando por aíVárias lojinhas, inclusive a Hype Brasil com umas camisas bem legaisA área de alimentação e acesso ao Palco LivreRola uma mercearia para necessidades básicasA tarde ao lado do Palco do Sol
Espaço para todos se expressaremNão dá nem para acreditar os “vôos”
A caminhada vale a pena
Liberdade
Terreno Baldio
Nação Zumbi
Vinil de Respeito
Fomos surpreendidos por uma vasta coleção de vinil. Era uma das oficinas. Você ia até um local e trocava ideia com o ? (porque não perguntamos o nome do cara?!). Lá, ficava rolando o som e você conversava sobre os discos, seja a capa, a gravação, o estúdio, as participações especiais, enfim, era “só” isso a oficina. E a graça está nisso. Das situações que parecem ser mais simples, são as que te surpreendem em cada etapa. Eu, por exemplo, conheci a cantora “Cláudia”, com seu som groove e voz forte. Já estou em busca para a aquisição do LP “Pássaro Emigrante”.
Houveram outros momentos de oficina como a de aquarela e também a sessão de cinema de Charles Chaplin acompanhada por um pianista ao vivo. Sensacional a sincronia deste cara tocando sobre um gramado.
Voltando ao LP, conhecemos o disco Blindagem, deste grupo curitibano surgido no final dos anos 70 que, por coincidência, tocaria naquele dia abrindo o Palco Lunar às 19h. Aliás, os caras também tocaram no antológico Festival de Águas Claras. (o Terreno Baldio também se apresentou neste importante festival, que poderia ter uma nova edição!?)
Mas a noite estava reservada para esses vovôs do rock and roll, Steppenwolf. Um show bom, equilibrado, sem grandes surpresas e empolgações da galera. E, claro, com o hino das estradas “Born to be Wild”.
Violetas de Outono
Antes dos shows da noite, uma passada na tenda de Cinema, ao som ao vivo de pianoA arte oficial ao lado do Palco Lunar
Uma pequena seleção de imagens das nossas noites (permitidas)
Muito prazer, Steppenwolf
Como explicar
A segunda-feira amanheceu calma. E o que se ouvia em um canto e em outro, aumentou a intensidade. Grupos de amigos tocando suas músicas entre as barracas. A trilha sonora dos campings com sua animação particular reflete o espírito deste festival, de livre acesso, respeito mútuo, alegria constante e energia compartilhada.
O que dizer de energia em um dia que teríamos o show de Elza Soares que, com quase 80 anos, lança um disco de rock, politizado, e se encaixando perfeitamente à proposta do Psicodália. Então como explicar a amigos que você foi a um show da Elza Soares e considerou um dos melhores de rock que viu nos últimos tempos?!
Elza fez (re) surgir aquela vontade de viver e lutar pela igualdade, de fim das injustiças, na mesma temperatura que Nação Zumbi havia proclamado há dois dias, apenas sentada respaldada por uma excelente banda e um show performático.
Antes, a tarde, a expectativa era pelo show do O Berço, grupo de MG, que toca um rock folk com letras em português. Já havia ouvido antes e valeu a pena curtir a tarde ao som desses caras, simples, que após ao show, sentaram ao nosso lado, abriram uma maleta para vender os CD´s como forma de garantir uma renda para a banda. E ainda compartilharam uma cachaça e algumas histórias. O interessante é que eles também vivenciaram o Psicodália, acamparam por lá.
E é bom lembrar do show dos cearenses do Cidadão Instigado, liderado pelo guitarrista Fernando Catatau. Muito bom
Os músicos anônimos entre barracas
Mais arte e momentos Psicodália
O Berço
Cidadão Instigado
Porque voltaremos
Por mim, o Psicodália aconteceria em Jundiaí-SP. A terça-feira acaba sendo aquele dia de despedida. É mais cansativo, afinal teremos 600km pela frente. Para esse tipo de público, como eu, acho que a organização poderia pensar em antecipar os horários de alguns shows.
Ficamos para ver Nana Vasconcelos, às 20h. “O cara” da percussão mundial fez valer a pena com um show energético. Ele convida a participar de quase todas músicas e cria melodia com instrumentos que talvez nunca tenha visto.
Corpo e mente em total sintonia e equilibrados é hora de pegar estrada e refletir sobre o porquê de não termos descoberto o Psicodália antes (o festival está em sua 19ª edição). Mas com a certeza de que voltaremos, quem sabe para shows como Jorge Mautner, Tutti Frutti, Caetano Veloso (tocando Transa) Made in Brazil, Tropicália, Bechior, Flaviola, Lula Cortes & Zé Ramalho (tocando Paêbirú), e de novo Ave Sangria, Tom Zé, Alceu Valença e Casa das Máquinas…e, quem sabe, os internacionais do Greatful Dead e ZZ TOP.
12 dias, 45 praias, 70 km de trilhas e várias sensações que só quem escolhe acampar recebe como recompensa. Essa foi a nossa Volta na Ilha Grande, Angra-RJ, em dez/15 e jan/16. Leia com calma, entre na viagem e aproveite a trilha sonora.
Sons e textos a 8 mãos e muitas ideias: Rodrigo, Paloma, Gabriele e Mariano.
1° dia: SP – ABRAÃO – PALMAS
São 5 horas de viagem, via Barra Mansa, com sua estradinha sinuosa e que premia a chegada com a vista da baia de Angra dos Reis.
Escolhemos o estacionamento 2 Irmãos a R$ 30/dia e a barca oficial de 1h30 a R$ 14. Dependendo do dia e calor, prepare-se para o ar abafado da barca. Ela sai às 15h30 e as passagens começam a ser vendidas quase na hora, mas você pode chegar cedo para pegar fila e descolar um lugar nos bancos da frente ou próximo às janelas.
Na Vila do Abraão, o tempo era para apenas comprar uma água e tirar a foto do início da jornada.
A Praia de Palmas está a uma hora e a trilha inicial já garante os primeiros pingos de suor, principalmente por causa da nossa mochila de, em média, 10kg e uma boa ladeira nos primeiros 30 minutos de trilha.
Pegamos uma bifurcação à esquerda para conhecermos a praia Brava, praia charmosa, bem pequena e de tombo, possui suítes e chalés, por média de R$150;00 o casal, para quem quiser pernoitar e uma espécie de restaurante/bar para quem quiser passar o dia.
Voltamos então a trilha principal para seguir em direção a Palmas onde passamos a primeira noite. A praia de Palmas possui alguns campings e, de passagem, escolhemos o último – Das Palmas – a R$ 15/pessoa, com banheiro, cozinha e sombra.
O Restaurante Morango das Palmas vale a pena. Todo decorado com desenhos de morango nas mesas, nos copos, nas paredes; com preço de PF a R$ 25 e atendimento bem legal. Já vale deixar avisado que só comemos PF na viagem e sempre dividindo em 2 pessoas. Era o suficiente.
Bem cedo acordamos, já que a caminhada era longa até Parnaioca. Conseguimos no quiosque do camping ao lado uma garrafa de café a R$ 12 e, com nossos pães sírio e queijo polenghinho, saímos para a caminhada.
Chalés na Praia Brava, antes de PalmasPraia de PalmasCamping das PalmasCamping das PalmasCamping das PalmasRestaurante Morango das Palmas, com a menina Nicole, moradora da praiaFechando o pouco tempo que tivemos em Palmas
2° e 3° dias: PALMAS – SANTO ANTÔNIO – CAXADAÇO – DOIS RIOS – PARNAIOCA
Escolhemos nosso roteiro começando pelas praias de fora, do mar aberto, e isso resultou num esforço maior neste dia, já que não havia como dormir legalmente pelo caminho até Parnaioca.
De Palmas, passamos por Pouso e fomos até próximo a entrada de Lopes Mendes, onde pegamos a trilha à direita sentido Praia de Santo Antônio. Lopes Mendes a gente já conhecia e por isso seguimos. Caso contrário, vale a visita.
Com 35 minutos em trilha não oficial e com suporte de GPS (App Wikiloc), chega-se a essa praia paradisíaca. Nosso primeiro contato com as azuis, transparentes e quentes águas da Ilha Grande.
No local havia algumas pessoas bivacando (camping selvagem) e finalizando a Volta da Ilha no sentido contrário ao nosso. Repare na formação rochosa no mar que lembra uma tartaruga.
De lá, voltamos um pouco a trilha e pegamos sentido Caxadaço, também em trilha não oficial. O que era para ser feito em 1h fizemos em 3h40. Nos perdemos, mesmo com GPS, já que o APP as vezes demorava para atualizar. Na trilha, não há marcações e sugerimos atenção redobrada, seguindo à risca o GPS e indo sempre direção oposta ao mar. Enfim, a recompensa foi grande. Talvez a melhor praia da Ilha, ao lado de Santo Antônio, porém com um riacho de água doce.
Pela frente ainda teríamos as trilhas oficiais de Caxadaço-Dois Rios (1h30) e Dois Rios-Parnaioca (3h30). Como é bom sempre ficar atento às oportunidades, neste momento havia um barqueiro que iria para Dois Rios. Por temos perdido muito tempo na trilha anterior e com receio de chegar à Parnaioca a noite, fomos de barco (Caxadaço-Dois Rios), pelo valor de R$20,00 por pessoa.
Dica: é tentador fazer as trilhas do jeito que fizemos, mas nossa recomendação é a seguinte: Vá de Palmas até Santo Antônio por trilha, curte a praia. Depois, volte para Lopes Mendes e pegue um taxi boat para o Caxadaço. Não insista nas trilhas não-oficiais, pois perde muito tempo; uma possibilidade se quiser fazer essas trilhas é fazer camping selvagem na praia do Caxadaço. mas como não é permitido, fica a sugestão, novamente, chegar à Caxadaço de taxi boat e de lá você já pode pegar a T-15, trilha oficial e sinalizada, que vai até Dois Rios e assim você faz tudo certinho e depois só seguir para Parnaioca.
Chegando em Dois Rios, almoçamos PF no bar da Dona Teresa (R$ 25), uma moradora dos tempos do presídio em atividade. Aliás, se você chegar até às 16h em Dois Rios, é possível pegar água gelada no presídio.
Saímos rápido para a maior trilha da Ilha Grande a T16 (7,75 km) e fizemos em 2h40, um tempo muito rápido para esse caminho. No trecho, encontramos o artista “Rui 1 2 3…!” na Toca das Cinzas. Ele passaria a noite de Natal sozinho para reflexão.
Na chegada a PousoPouso é uma praia entre Palmas e Lopes MendesVocê encontrará poucas casas em PousoUm Hotel que dizem abrir em alta temporadaEsta é a praia de PousoA primeira visão do paraíso: Santo AntônioCom a formação rochosa em Santo Antônio que lembra uma tartaruga…… e suas águas verdes transparentesMuito prazer, CaxadaçoCaxadaço: Pequena praia com muitas belezasAngustiada com o calor, conseguimos arrancar um sorrido da Dona Teresa, em Dois Rios
Bora para Parnaioca? Veja a situação do pessoal, até o momento na trilha já depois de Dois Rios 😉
Apresentando, Paloma….Gabriele…Rodrigo…e Mariano
PARNAIOCA – UM CAPÍTULO A PARTE
Por volta das 19h30, chegamos a praia que mais gostamos de ficar: Parnaioca. O caminho foi cansativo, já que na última meia hora foi só descida e, com as pernas cansadas, os joelhos foram castigados. Como todo esforço de trilheiro sempre há uma recompensa e, antes de procurar camping, um merecido mergulho no mar. Transparente, claro.
Em Parnaioca existem três campings: Silvio, Marta e Janete, este último foi o escolhido.
Com muitas sombras, cozinha super equipada com três fogareiros e até freezer, pagamos R$ 25/pessoa. O almoço ficou a R$ 25 e o café a R$ 15. Sobre os outros campings, achamos do Silvio muito afastado e o da Marta só encontramos depois de escolhido o da Janete, mas era muito organizado e bonito também.
Passamos a noite de Natal e conhecemos o casal Paola e Daniel. O Daniel é um australiano que mora no Rio há 5 anos e preparou uma lentilha deliciosa. Em troca, oferecemos Peperone e Tequila e, assim, comemoramos a noite. (aliás, se vocês estiverem lendo esse relato, perdemos o nosso caderninho de anotação com os fones de vocês L)
A praia de Parnaioca encanta pela beleza do mar e tem uma barra de água doce bem grande à direita no final da praia. Vá sentido igreja e cemitério e aproveite para tomar o banho no rio gelado.
Parnaioca também vale para curtir um por do sol no mar. Na verdade, o sol se põe atrás do morro de Aventureiros-Provetá, mas como é bem longe dá a impressão de terminar no mar. Dessa forma, valeu o dia que tiramos de descanso em Parnaioca, praia perfeita e que já deixou saudades.
Ao dormir em lugares assim, você pode trocar as 5 estrelas dos grandes hotéis pelas milhares ao céu aberto, sob a visita de vagalumes e acordar assustado com uma luz absurdamente forte na sua barraca da….LUA.
….e voltada para o mar aberto……porém se vê poucas ondas…… e muitas sombras……para passar o dia inteiro assim!Caminhos dentro de ParnaiocaPróximo ao centro da praia está a igrejaIgreja do Sagrado Coração de JesusO hábito de se enterrar junto à Igreja, mesmo em pequenas comunidades, era a regra.Se não bastasse o mar perfeito……o Rio Parnaioca é convidativo para fotos…… e uma tarde com mergulho sob sol forte
Camping da Janete: (21) 9674-7616Ainda com vagas. Mas após Natal, só com reservas!Para fechar, o por do sol no mar……na verdade, dependendo do ângulo da foto, engana. O por do sol é atrás do morro Aventureiros-Provetá
4° e 5° dias – PARNAIOCA – AVENTUREIRO
Bem cedinho saímos sentido Aventureiro, via trilha. Nem coloque o tênis, pois tem um rio que divide Parnaioca do morro que irá atravessar. Após 40 minutos de trilha chega-se à praia do Leste, após percorrê-la vai encontrar o ilhote, atravessamos passando por dentro do mangue que estava com a água baixa molhando somente até a canela, então colocamos novamente a botas e atravessamos a praia do Sul, a extensão não é longa, mas caminhar com a areia fofa e o sol estalando aumenta a dificuldade e o tempo, enfim, depois de 2h, chegamos ao paredão do Demo. Com o tempo ensolarado e o mar calmo, foi bem tranquilo passar.
Em Aventureiro, já tínhamos ficado no Camping do Luis, que parece ser o mais estruturado. Optamos por ele, novamente. Mas o preço talvez não compense: R$ 60/pessoa. Muito alto e ouvimos falar que havia camping por R$ 40. Como são 16 campings na praia, vale a pesquisa antes de decidir.
Os valores realmente dobram após o Natal. A praia fica cheia (até demais). Inclusive, depois de deixarmos Aventureiro, todos que encontrávamos pelo caminho pretendiam passar o Réveillon lá.
O local é perfeito encontro de jovens, descolados, surfistas, cariocas com sua rodinha de bola…O mar agitado é bom para pegar os jacarés ou surfar. A vista é perfeita, pois você está em uma enseada de mar aberto com vista para as praias do Leste e Sul e um nascer do sol no mar espetacular, laranja que com sua cor vibrante entra em sua barraca te dando bom dia.
Outro momento que ficou marcado na viagem é a chegada da Lua atrás do morro de Parnaioca. Único para uma noite de Lua Cheia pós Natal, fato que não acontecia desde 1977 e a próxima só deve acontecer em 2034.
Bom, não custa relembrar:
Nascer do Sol: Praia de Aventureiro
Por do Sol: Praia de Parnaioca
Nascer da Lua: Praia de Aventureiro
Para as refeições, procure o restaurante do Rodrigo, na altura do centro da praia, sentido o morro, ao lado de uma ponte. O valor do PF é de R$ 20 e a comida saborosa. Como comparação, o PF no Camping do Luis é R$ 30. Se quiser optar por um hot dog a noite, o Camping do ITA oferece a R$ 7.
Aventureiro com certeza merece dois dias de hospedagem e, como nossa programação era de uma Volta entre 10/12 dias, tínhamos tempo de sobra para aproveitar essa praia que possui o coqueiro caído e merece a clássica foto.
Nosso sexto dia seria para encarar a ‘temida’ subida do morro de Provetá.
A caminho para a praia do LestePrimeira vista da Praia do LestePraia do LestePraia do SulParedão do Demo e praia do Aventureiro ao fundoEnfim, a Praia do AventureiroUm lugar para curtir o dia sob as várias árvores Chapéu de SolO famoso coqueiro caídoEssa foi a lua, só ela, iluminando toda a praiaFechando a nossa visita a AventureiroMas acordar com esse sol é para agradecer……e guardar na lembrança todos os momentos bons pelas praias de fora da Ilha Grande
6° e 7° dias – AVENTUREIRO – PROVETÁ – ARAÇATIBA
Realmente a subida é íngreme, mas no sentido que estamos fazendo – Aventureiro-Provetá, ela é curta. Em 40 minutos já havíamos terminado o zigue-zague e fizemos numa boa. Você finaliza no topo do morro onde há sinal de celular e Wi-Fi. Caso queira fazer uma ligação ou mandar mensagem, essa pode ser a hora (isso para quem faz o sentido oposto ao nosso, pois dali para frente o sinal de celular existe).
Provetá é uma vila com mais estrutura, mas escolhemos seguir em frente e encaramos – aí sim – a pesada T8 que liga à Araçatiba. Foram 2h30 bem cansativas. Economize na água.
Ao chegar em Araçatiba, você tem opção para pegar a trilha para Gruta do Acaiá e se hospedar nela ou, no meio do caminho, nas praias Vermelha e Itaguaçu.
Em Vermelha, procure pelo Salvador e, assim, você poderá acampar no quintal dele. Na Gruta do Acaiá, a opção é do Almir, que cuida do local. Em Itaguaçu, a única opção é o Sítio Itaguaçu, que precisa fazer reserva.
Apesar de um excelente atendimento na praia de Araçatiba, achamos que vale a pena ficar na Vermelha, pois é mais charmosa e pequena. Mas vamos lá.
Nossa opção em Araçatiba foi o Camping do Bené, a R$ 15/pessoa, contra R$ 40 do Camping Bem Natural. Converse com o Hugo (genro do Bené) e ele te dará a atenção melhor do mundo. O cara consegue tudo para você, juntamente com a mulher Vitória, que preparam um Café da Manhã completo a R$ 10/pessoa e um pastel de camarão exclusivo. Além de Camping, eles tem quartos. O ponto negativo é o som alto durante a noite. Tarde da noite. E acostume-se com a árvore das cigarras!
A caminho de Araçatiba conhecemos dois casais separadamente. Com experiência de vida, compartilharam boas histórias e sempre se colocaram a disposição para qualquer necessidade. Acho que momentos como esse valem toda a viagem. São conversas compartilhadas com total atenção, sem interrupção de celular, com cada um entendendo e querendo saber mais sobre o seu caminho e suas escolhas.
Com base em Araçatiba, sem mochila nas costas, encaramos tranquilamente a T7, que liga à Gruta do Acaiá. Quem entrou foi a Gabi e o Mariano. O Rodrigo e Paloma ficarão receosos, pois haviam falado que precisava passar arrastando, mas nem é tudo isso. A entrada da gruta é um pouco apertada e feita por uma escada de madeira que serve como apoio para os pés, facilitando o impulso na saída e orientando na descida, o chão e o teto tem várias pedrinhas e conchinhas, por isso sempre é bom ir de camiseta para evitar arranhões, após a descida da escada já verá abaixo uma luz verde neon bem forte refletir na água, é tão forte que parece de mentira, por isso a beleza do lugar, ao chegar na água também observará a transparência, mais a direita conseguirá ficar de pé, com a água próxima a cintura, o uso da lanterna facilitou bastante nossa orientação dentro da gruta, dessa forma, não precisamos nos arrastar em momento algum.
O Almir é o dono do sítio que tem a Gruta. Ele cuida muito bem do lugar e vale os R$ 15 da visita, mesmo para quem não entra na Gruta. Vale pelas histórias. Vale pelas bananas que ele vai pegar no pé e te dá o prazer de comer uma fruta após tantos dias sem. Vale por saber que você completou mais uma trilha da Volta na Ilha Grande. Se você quiser ir até a Gruta do Acaiá, pode optar também por ir de Taxi Boat.
Na volta, paramos para almoçar na Praia Vermelha. Tem alguns restaurantes mais badalados, com preços altos e escolhemos o Lanchonete da Praia (24 9 9857-9167 e 9 9954-8022). A Stela e a Liliane nos recepcionaram muito bem, se propuseram a fazer um PF com peixe grelhado a R$ 30 e nos presentearam com sorrisos de quem sabe atender bem qualquer tipo de pessoa.
Dizemos isso, pois muitos empresários ou pessoas que trabalham nos restaurantes/pousadas da Ilha Grande nos passaram a impressão de preconceito com os trilheiros. Mediam a gente e não davam a atenção. Muitas vezes fomos rejeitados de diversas formas.
Por isso, fazemos questão de marcar os nomes e locais de pessoas que sempre nos atenderam super bem!
…se é isso que você quer, no topo da travessia Aventureiro-Provetá, você terá… mas para isso precisará vencer 40 minutos de subida…E mais uma etapa vamos concluindo…Todos juntos a caminho da próxima praia…Sempre acompanhado do cajado, essencial para trilhase tendo como brinde essa vista de ProvetáAs vermelhas areias da praia de…… Araçatibinha. E não a Vermelha.…essa é a Praia VermelhaA Lanchonete que você deve visitar e……conhecer as irmãs que prepararão sua refeição
Praia de Itaguaçu
Praia de ItaguaçuPraia de ItaguaçuSitio Itaguaçu, único local de hospedagem desta pequena praiaUma das poucas placas oficias preservadas na Ilha GrandeA GrutaA entrada da GrutaO que te espera lá dentroEsse é o caminho entre Araçatiba e a Gruta do AcaiaCom grande bambualAbacaxis, ainda vermelhosPlantas espinhosasQuando se está sem a mochila de 10kg nas costas e após algumas cervejas no almoço da Praia Vermelha……é só alegria
Para fechar Araçatiba…
Mais conhecida como Grande AraçatibaCafé da Manhã com bolo, misto quente, café e suco natural de manga no Camping do Bené
8° e 9° dias: ARAÇATIBA – ENSEADA SITIO FORTE – BANANAL
Informação é tudo. E o livro Caminhos e Trilhas da Ilha Grande, do José Bernardo, é um item primordial para quem quer fazer a Volta na Ilha Grande. Foi através dele que, a cada dia, fazíamos uma revisão da próxima trilha e, muitas vezes, na dúvida das bifurcações, ele nos salvava.
A 35 minutos de Araçatiba temos a Lagoa Verde. Muitos falam que precisa ir de barco. Nós, chegamos por terra. E conseguimos aproveitar esse cantinho para ver muitos peixes e corais. Por isso, outro item necessário na sua bagagem é o snorkel.
De Araçatiba nossa meta era a próxima Enseada, de Sítio Forte, mas descobrimos pelo caminho que não existem locais de hospedagem oficiais. Então vamos contar um pouco o que vimos nesta parte.
Depois da Lagoa Verde, nossa próxima parada, após uns 35 minutos foi a Praia do Longa, uma vila de moradores bem acolhedora, possível de conseguir pernoitar no quintal de algum morador, se for o caso, no entanto, nossa escolha foi prosseguir, passando pela Cachoeira que fica no caminho mesmo. Momento de tomar um banho de água doce gelada e seguir a trilha para a praia de Ubatubinha. Linda, pequena e privada. Isso mesmo. Uma pessoa comprou todo terreno e tem uma praia particular, o que te resta apenas atravessá-la.
Depois de mais duas horas de trilha, passando por Tapera e Maguariqueçaba, você chega ao Sitio Forte. Lá, ficamos sabendo que tem 4 moradores, sendo que conhecemos três deles. O Fernando, não. Esse cara era a esperança que tínhamos para dormirmos no quintal. Mas o maior problema é que precisávamos comer algo. Conversando com a moradora Leda, surgiu uma irônica história. Ela nos contou que trabalhou por 35 anos na cozinha da escola ao lado da casa dela e que havia feito uma promessa quando se aposentasse: nunca mais cozinharia para os outros.
Por isso, nos mandamos para a próxima enseada, do Bananal.
No Caminho, passamos por Matariz, uma vila bonita que viveu seu tempo áureo com a indústria de sardinhas da empresa Kamome, que fechou por burocracia ambiental e outras concorrências. Foi lá que conhecemos o Aristides, um senhor de 77 anos, com vigor de jovem e que chegou oferecer hospedagem. Mas seguimos em frente.
Nossa parada foi no Bananal, que ainda guarda de certa forma a lembrança da tragédia de 2010. A presença de japoneses é bem grande lá, devido a colonização deles durante o auge da fábrica de sardinha onde hoje é a Pousada do Preto.
Nossa sorte ao chegar no Bananal, depois de caminhar 11km, era a vaga de um quarto compartilhado no hostel Mi Casa, Tu Casa, por R$ 50/pessoa com café da manhã. Pela primeira vez, depois de 8 dias, iríamos dormir em uma cama.
Conseguimos apenas um dia no hostel e, como o próximo era a virada de ano, fomos atrás do Camping da Cristina. Aproveitamos para jantar neste camping e conhecer o carisma dessa mulher que nos atendeu super bem em todos os momentos. O PF foi R$ 20.
Armamos acampamento e criamos uma relação bem gostosa com a Cristina e seu marido, Carlinho. Foi neste momento que conhecemos o Tommy e a Layla, que estavam fazendo o caminho inverso da Volta e passamos o Réveillon juntos.
Antes, tivemos a ceia preparada pela Cristina com peixes pescados na noite anterior pelo Carlinho. Ela fez muita coisa. Além do tradicional PF, acrescentou um macarrão à bolonhesa e ficou em R$ 80 para todos, ou seja: R$ 13/pessoa.
Anota aí então que, além do Camping do Bené em Araçatiba, o da Cristina (Bananal) é um dos poucos que você terá opção de hospedagem nas praias voltadas para o continente: Cristina – 24 9 9981-3250, 9 9869-1549, 9 8881-7112 e 9 8817-8544. O valor da hospedagem ficou por R$ 20/pessoa. E o Café da Manhã por R$ 12/pessoa.
No Bananal aproveite para comer o pastel próximo ao píer. Tem opções diferentes como de Chicória com Queijo a R$ 4.
A queima de fogos é algo de surpreender no Bananal. Cerca de 5 minutos de show. Porém, mais uma vez nos faz pensar o porquê de não terem inventado ou comercializado fogos sem o som/estouro. Ficamos imaginando tantos animais próximos a mata que se assustaram nesse momento.
Taxi boat e lanches saem de Araçatiba e outras praias para o passeio para Lagoa Verde, mas é possível chegar a péNo local não possui água doce. Então vale a pena encher uma garrafa para continuar a trilha sem muitos incômodosE, claro, sempre acompanhado de Snorkel ou óculos de nataçãoA Praia do Longa costuma receber barcos e ser um ponto de paradaPara a gente serviu de passagem para a cachoeira……onde aproveitamos para refrescar e tirar o sal do corpo da Lagoa VerdeQuer uma praia para você? Essa é Ubatubinha.A praia “particular” de uma casa sóJá Tapera é caracterizada pelos grandes coqueiraisUma pausa na “parada de ônibus”E vamos seguir viagemInconfundível, o paredão dá as boas vindas para quem chega a Sítio ForteSob a sombra do Chapéu de Coco, você pode passar a tarde nesta tranquila praia de Sítio ForteAproveitando para repor energias para a caminhada até o BananalOu dar um mergulho nas tranquilas, quente e transparentes águasE, como em vários locais, sempre há um campinho de futebolMaguariqueçaba é mais uma praia com grande quantidade de iates e restaurantes que só dão preferência a elesFábrica Kamome, símbolo do auge da economia de sardinha em MatarizA Vila de Matariz vale a visita e uma conversa com seu Aristides. Procure-o.Hostel Mi Casa, Tu Casa, bem no começo da praia do BananalPara chegar a essa mini praia no Bananal, vá até o restaurante junto às pedras no canto direiro da praia e atravesse por eleEssa prainha não é Bananal Pequeno, apenas uma extensão do BananalE aproveite para curtir a praiaMergulhar com snorkel. (veja ao fundo o paredão da ‘tragédia’)Encontramos essa sombra, sob uma pequena gruta. Foi aí que passamos nossa última tarde do ano com Tommy e LaylaE fizemos também exercícios…é, essa foto entrou.BananalEssa era a vista do Camping da CristinaO casal simpatia: Dona Cristina e CarlinhoNosso ReveillonOs fogos são bem no meio da praia
10° dia: BANANAL – ENSEADA SACO DO CÉU
Nossa penúltima parada era o Saco do Céu, já em 2016. Para chegar até lá, pegamos as T4 e T3 somando-se 6,7km, passando por lindas praias como Freguesia de Fora, Grumixama e Freguesia de Santana, quando pegamos um acesso por trilha pela Praia da Baleia e chegamos a Lagoa Azul.
A Lagoa Azul é outro ponto que só falam que dá para chegar de barco, mas faça esse caminho que você consegue mergulhar nas águas da lagoa cheia de barcos.
Aliás, vamos fazer outra observação importante. Não há lei para os donos de barcos, lanchas, taxi boat. Eles acessam qualquer lugar de qualquer forma. Enquanto mergulhava na Lagoa Azul, ficamos com uma tensão de que algum deles poderia bater na gente ou jogar uma âncora, por exemplo.
Isso pode ser visto nestas praias que não entramos muito em detalhes mas você irá passar, como Grumixama, Ubatubinha, Freguesia de Fora, enfim várias praias voltadas para o continente, com grande presença de iates e lanchas.
No caminho para o Saco do Céu passa-se por Japariz. É um ponto de parada de escunas e barcos com várias opções de restaurante. Se você chegar, como a gente, com as mochilas e suado, corre o risco de receber como resposta algo assim: “Reservou? Então vai ter que esperar aquela escuna que irá chegar com 100 pessoas e depois poderemos atender vocês.”. Optamos por um lanche em uma barraca e seguimos viagem.
Saco do Céu parece um lugar de luxo, devido ao Coqueiro Verde Restaurante & Suítes que, segundo os moradores, o Medina e o Neymar passaram a virada de ano por lá e haviam 70 iates na enseada.
Lá no Saco do Céu você irá conhecer a Ilma, a famosa Gata Russa, que possui uma pousada, camping e um anexo de suítes.
Foi lá neste último que ficamos em um quarto compartilhado para nós quatro a R$ 55/pessoa com, atenção: ar condicionado e banheira.
Ela preparou um café da manhã por R$ 10 e nos recheou com boas histórias de vários anos que resolveu se instalar por lá. Indicamos o local. Anota ai: 24 9 9841 41 91.
Sabendo que a Gata Russa faz parte do Conselho de Turismo de Angra dos Reis, aproveitamos para falar tudo o que já citamos aqui e também sobre as sinalizações nas trilhas oficiais, que estão precárias. Por ser um local com tanto potencial turístico, achamos que não há cuidado com as placas de identificação e muito menos com o suporte aos trilheiros, com indicações de campings, restaurantes, pontos de parada. Muita coisa pode melhorar.
No Saco do Céu procure pelo restaurante SorveLanches e conheça o garoto Hugo, que faz o atendimento para sua tia Ilda. Peça pelo PF a R$ 30 e também o delicioso e sequinho Kibe de Peixe a R$ 20 com 12 unidades.
Mais uma praia “particular” de uma casa só: Bananal PequenoComo várias praias do lado do continente, Freguesia de Fora segue a regra à risca……com suas águas transparentes.De Freguesia de Fora, você pode pegar uma trilha no final da praia e chegar a GrumixamaSe você tiver bom condicionamento, ande pelas pedras um pouco e vá mergulhando até a Lagoa Azul. Apenas tome cuidado com os barcos e taxi boatCaso contrário, pegue a trilha de volta até a T4 e siga para Freguesia de SantanaVocê chegará a igreja, geralmente fechadaSiga para a praia, sentido lado esquerdo, e vá por uma trilha que chegará a praia da BaleiaInsista um pouco na trilha e chegará – a pé novamente, a Lagoa Azul. Assim, você não precisa pagar barco e curte do mesmo jeitoEnseada do Saco do Céu e seus iates e lanchasChegamos ao SorveLanches para provar o Kibe de PeixeHugo, o cara que conhece muito no Saco do Céu
Obs.: faltaram fotos com a Gata Russa e suas suítes 🙁
11° e 12° dias – SACO DO CÉU – FEITICEIRA – ABRAÃO
Enfim, chegada a hora de completar a Volta na Ilha Grande e chegar em Abraão para fechar com chave de ouro e subir o Pico do Papagaio. Mas o que não pegamos a viagem toda, resolveu aparecer: a chuva.
Ela nos acompanhou por todo restante. De Saco do Céu, em 30 minutos chega-se a Praia de Fora e do Pereque, passando entre as folhagens de mangues e o mar na praia de Caramiranga.
Depois você volta para a trilha e pode descer para Iguaçu. Em 10 minutos você chega a essa praia que, assim como Ubatubinha, tem uma casa e só. Inclusive, foi criado um píer da casa para o mar com a placa “Propriedade Particular”, obstruindo sua passagem pela areia. Agora a gente pergunta: E se alguém quiser passar e se machucar no píer, quem irá arcar com os custos médicos? Como fica o direito de acessibilidade nas praias? Esse píer não pode existir.
Outro ponto é que existia uma trilha que seguiria até a praia da Feiticeira e ela foi fechada com cerca e galhos de árvores, o que te faz voltar pela mesma trilha que desceu.
Em 40 minutos você está na Praia da Feiticeira, pequena, mas bastante movimentada pela proximidade da Vila de Abraão. Percebemos que muitas pessoas chegam a pé e pegam o taxi boat para voltar.
Tomamos um banho de mar e, descalço, pegamos o caminho de 30 minutos para a Cachoeira da Feiticeira. Tá aí um excelente ponto para encerrar os mais de 10 dias de Volta na Ilha, em uma cachoeira de 12 metros que você pode entrar em baixo e curtir também um poção gelado.
Energias mais do que renovadas, em uma hora, estaríamos de volta a Vila de Abrão. A chuva não deu trégua e tivemos que deixar o Pico do Papagaio para um outro momento. Ficamos um dia na Pousada do D’Pilel, com um café da manhã super completo, a R$ 96/pessoa em um quarto compartilhado para quatro.
O que sempre podemos recomendar é procurar o Hot Dog, no padrão RJ, com uva passa, ovo de codorna, beterraba…com a opção de salsicha a R$ 7 ou linguiça a R$ 10.
Completamos a Volta na Ilha Grande sempre respeitando o espaço de cada um, estando atento aos caminhos, nos surpreendendo pelas paisagens, tendo momentos reflexivos e vivências compartilhadas. Aproveitamos para agradecer a todos que cruzamos e nos ajudaram com informações e, claro, recomendar para que você também o faça, pois com certeza, faríamos novamente, uma experiência para além dos limites corporais: desafios, conhecimentos, vistas, paisagens, sensações, momentos que só podem ser captados a cada gota de suor vivenciada e, agora, inesquecível em nossas lembranças. Enfim, não precisamos de muito, uma mochila com que consegue carregar, disposição e amigos que aceitam essa empreitada, o restante, no caminho colhemos.
Mangue a caminho da Praia de Fora e do PerequêA Praia da Feiticeira possui muitas opções de taxi boat para a Villa de Abraão12 metros e a cachoeira da FeiticeiraO Aqueduto foi construído no século XIX e servia para abastecer água do Lazareto, antigo local de quarentena dos imigrantes europeus.70k depois, obrigado Ilha Grande!
Bonus Track
Você pode ter cansado de ler (ou não!), mas vale a pena mais alguns minutinhos. Vamos lá
VOCÊ VAI ENCONTRAR
Você está em meio a mata, então animais e insetos estarão caminhando ao seu lado. Acostume e aprenda a conviver. Sempre próximo ao início e ao final da trilha, você vai ouvir muitos sons de bugios. Não o vimos, ao contrário de pequenos macacos e esquilos que você encontrará facilmente pelas trilhas, assim como grandes e variadas aranhas. As cigarras também estão presentes, mas com uma incidência muito grande ali perto do Camping do Bené. Muito diferente de Ilha Bela (SP), não há forte presença dos borrachudos, mas há pernilongos e repelente é item básico da sua mochila. E, claro, cobras: nós encontramos uma Coral (verdadeira ou não, deixaremos para sua conclusão). Foi logo após sair de Bananal, na T4.
Não somos conhecedores da flora, mas pelo caminho aproveite para observar cada detalhe como a figueira entre Passaterra e Jaconema com suas gigantes raízes expostas, os abacaxis na trilha de Araçatiba-Gruta do Acaiá, bambuzais e os constantes pés de jaca por todo caminho que você visitar.
AS TRILHAS OFICIAIS
O site ilhagrande.org.br é uma excelente fonte de pesquisa. Neste link você encontrará todas as “T”, que ligam os caminhos oficiais que você precisa estudar antes de iniciar a viagem!
Uma dica importante é que, assim que começa a praia de Provetá para Araçatiba em diante você pode seguir a trilha pelos postes de energia eletétrica que te acompanharão até a Vila de Abraão.
EQUIPAMENTOS
Qualquer grama a mais na mochila fará a diferença. Fomos em média com 10kg e acreditamos que é o limite, até porque há vários locais no caminho para você abastecer e evitar esforços desnecessários. Com as devidas divisões de peso entre os casais, levamos algo mais ou menos assim:
3 camisetas
3 bermudas
2 sungas/biquinis
3 cuecas/calcinhas
3 pares de meia
1 calça
1 blusa ou camiseta manga longa
1 repelente grande (compramos outro pequeno na viagem)
1 protetor solar grande (compramos outro pequeno na viagem)
1 lanterna por pessoa (talvez 1 por casal basta)
O livro do José Bernardo com mapa
1 GPS
1 par de tênis impermeável
1 par de chinelos
1 boné/chapéu
1 barraca para 2/3 pessoas (por casal)
1 colchão autoinflável por pessoa
1 manta térmica
1 travesseiro inflável
1 canga
1 bastão de caminhada por pessoa
1 squeeze
Remédios (principalmente para dor como Salompas e picadas como Nebacetin e Band-Aid para bolhas)
Canivete e/ou facão
Snorkel e/ou óculos natação
3 Barrinhas de proteína por pessoa
200g de frutas secas e amêndoas por pessoa
Pães sírio com polenguinho
Pó de café
1 isqueiro/fósforo
Itens de higiene pessoal
Máquina fotográfica (se tiver capa para mergulho aquático, melhor ainda)
Obs.: não há necessidade de pilhas e carregador, exceto para máquina fotográfica.
Mochilas de 40 litros são ideais para uma viagem assimTudo isso foi dividido em 2 mochilas + as comidasItens primordiais na viagem!
E, muito obrigado!
Ficha técnica dos sons
1° dia: Viajante – Sá, Rodrix e Guanabyra
2° e 3° dias: Primavera nos Dentes – Secos & Molhados
PARNAIOCA Dê um role – Novos Baianos
4° e 5° dias: A minha menina – Os Mutantes
6° e 7° dias: Rock da Barata – Jorge Mautner
8° e 9° dias: Eu não sei se mudaria – Made in Brazil
Nem de perto sou fã de batata-doce e, muito menos, vinagre. Mas depois dos 30 é muita frescura não provar novas combinações na cozinha, e por que não preparar? Achei a receita nas dicas do chef da revista Wine. Vamos aos ingredientes:
2 batatas-doce rosadas
50g de açucar
100ml de vinagre balsâmico
80g de pimenta-biquinho
80g de queijo gorgonzola
80g de castanhas do pará bem cortadas
folhas de agrião precoce
pimenta do reino e manteiga
Primeiro você coloca as batatas-doce enroladas em papel-alumínio por uns 30/40 minutos no forno a 180°.
Enquanto isso, prepare o molho, derretendo o açucar até a cor de caramelo, acrescente o vinagre balsâmico (abra as janelas da casa) e, quando estiver homogêneo, coloque a pimenta biquinho. Nem precisa ficar mexendo. Reduza até ficar em ponto de calda e reserve.
Pegue as batatas-doce e corte no estilo-filé. Passe a manteiga e coloque na chapa para deixar um pouco dourada.
Monte o prato
Coloque a batata no prato com a poupa para cima, cubra com o queijo gorgonzola, o molho já quente, as castanhas do pará e o agrião. Para finalizar, coloque um pouco mais da calda e pimenta do reino.
Fica muito boa a combinação do vinagre reduzido com a batata-doce. Já fiz com batata normal e não ficou legal.
Dicas
A quantidade de caldo rende, no máximo, para essas duas batatas e depende da espessura que você cortar a batata.
Você pode colocar o gorgonzola sobre a batata, enquanto ela está na chapa, para derreter levemente.
Uma receita com quatro tipos de carne no recheio. Qual a chance de dar certo? Na primeira vez, quase. Vamos ao Tortellini da Maria!
Tortellini, em italiano, significa ‘tortinhas’, mas a lenda conta que eles foram feitos para se parecer com o umbigo de Vênus por um guarda que a espiou por um buraco de fechadura.
A base da massa é a padrão: farinha de trigo e ovos! Depois de abrí-la, utilize uma xícara ou recipiente de sobremesa de aproximadamente 6cm de diâmetro para fazer o recorte circular.
Com os dedos, molhe a borda da massa com água, inclua o recheio no centro e faça o primeiro fechamento, em meia lua. Dobre o centro e una as beiradas no lado oposto parecendo um anel. No Youtube tem vários vídeos passo a passo do tortellini.
O recheio
Para 500g de massa, utilizei:
100 g de peito de frango desossado e sem pele
100 g de carne de porco magra sem osso
2 fatias de presunto cru
3 fatias de mortadela (aqui tá o erro)
100g de queijo parmesão ralado
1 pitada de noz moscada
sal, bastante pimenta do reino e 1 ovo
Refogue um pouco sem dourar o frango e a carne de frango. Processe as quatro carnes e coloque em uma terrina para bater junto com os outros ingredientes.
Quando comecei o texto falei sobre a chance de dar certo essa mistura de carnes. A mortadela ficou muito marcante. Por isso, inclua apenas uma fatia e pode até reforçar a noz moscada.
Para o molho, usei apenas manteiga. A atenção estava voltada para a massa e o recheio. Para acompanhar, parmesão ralado.
Dicas:
Com a massa pronta e recheada, deixe reservada sob farinha de trigo por uma ou duas horas para secar;
Quando for enxaguar a massa no escorredor, já ferva uma panela com água para ajudar a tirar o excesso de amido;
verifique se as bordas estão bem coladas para evitar que o Tortellini abra;
Sabe de onde veio o nome Tortellini da Maria? Nem imagino. Peguei a receita em um livro que não explicava o motivo!