Sei lá, não julgo, ainda bem

Cresci na MPB de Elis e versos de Paulo na boca de Raul
Samba de Graça e moda de viola à Amador
Sei lá
Quanto mais envelheço
Menos me vejo na pessoa
Que eu achava que seria
Ainda bem
Mas você também vê o futuro repetir o passado
Não se envenene com sua raiva
Sugiro um suicídio na cultura não divulgada
O Berço, O Terno, a Tika
Uma overdose do cabo ao rabo
Não julgo, apenas experimento.

 

Tibúrcio, meu toyart em papel machê

Ultimamente meus trabalhos são feitos nas horas vagas, e elas raramente acontecem, infelizmente.

Esse carinha aí, o Tibúrcio, deu mais trabalho do que eu imaginava. Tentei mudar o tipo de massa e não deu certo. Por outro lado descobri outras técnicas, e o resultado final ficou lindão!

Como a maioria dos meus toys eu reaproveitei uma embalagem usada para estrutura do personagem.

O que tentei mudar foi o tipo de massa, substituí o papel higiênico pelo jornal. Não deu nada certo e também não sei onde errei – ele não aderiu a estrutura, ficou soltando, despedaçando, foi muito desesperador.

processo

Para não perder o trabalho preparei uma nova massa, agora usando a receita original, e salvei o Tibúrcio.

O que fez a diferença nesse toyart foi a utilização de novas técnicas de textura e pintura.

Para conseguir a textura do pelo utilizei uma agulha de costura – sim aquela fininha, e fiz risco por risco. Demorou quase uma hora todo o processo.

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Já na pintura, as minhas ousadias foram usar o degrade nos olhos e fazer o acabamento das manchas pretas. Minha preocupação era que ficasse o mais realista possível, e para isso usei um pincel bem fininho. O Resultado, deixo para você avaliar!

A4

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Para quem não me conheceu – Muito prazer, Tibúrcio.

Não sei bem quando e onde nasci, aprendi a sobreviver.

Ganhei uma mãe, um pai e até avó, tudo de duas patas, eles me chamaram de Tibúrcio. No começo achei esquisito, mas me davam até leitinho de manhã, gostei dessa vida.

Lá no sítio o verde se emendava com o azulão sem fim. Gostava de olhar para o céu e sair andando sentindo o mato roçar as minhas patas.

Do mesmo jeito desligado que vim para o mundo também me meti em umas encrencas, perdi uns dentes, dei uma descadeirada, mas nunca deixei nenhum grandão se meter a besta. Briga de rua se resolve na rua. Depois voltava pra casa todo esfolado, levava umas broncas e me derretia com os cuidados delas.

Elas se auto chamavam de mãe e avó, mas para mim eram fadas madrinhas.

Entre mudanças e desavenças, venderam o sítio e me trouxeram para a cidade. Agora eu olhava para o cinza e o azul, me acostumei. Porque quando a vida te tira uma coisa, você ganha outra. Desta vez foram uns tios doidos. Eles nunca chegavam com as mãos vazias, tinha cerveja, carvão, carne e linguiçaaaaa. Só de lembrar já fico babando.

Eu já entendia muito bem como funcionava a bagunça e a minha posição era estratégica. Enquanto a Vida se escondia em qualquer canto e a Pequena corria atrás dos calcanhares e dedões, eu sentava ao lado da mesa – esqueci de falar, eu tinha mais irmãos peludos. Todo mundo que pegava um pedacinho de linguiça eu olhava no olho – você já deve imaginar a minha cara – e acabava ganhando outro bem quentinho, era um atrás do outro até a minha mãe gritar “para de dar comida para o Tibúrcio, depois sou eu que aguentoooo”. Não demorava, o samba rolava, a cerveja gelava e eu voltava a ganhar mais um pedaço.

No fim da festa ficavam meios gatos pingados, a brasa branda e era hora de deitar embaixo da churrasqueira e dormir no quentinho com a barriga cheia.

Hoje eu estou aqui, moro no azulão sem fim. Quando acontecem as festas na casa da minha mãe fazem questão de colocar a linguiça primeiro. Fico só olhando meus irmãos correndo atrás das bolinhas, mordendo dedos e se escondendo. Que bobos, nem percebem que a linguiça está esfriando.

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Receita Papel Machê

Quando comecei a trabalhar com o papel machê busquei muitas referências na internet.

Percebi que cada artista tem a sua receita: jornal, papel higiênico, cola branca, cola de farinha, água sanitária, vinagre e inúmeras misturas. É como receita de bolo, todos possuem uma preferência e sempre adaptam conforme o gosto. Para o papel machê não é diferente.

Então vou passar pra você o passo a passo ilustrado da massa que eu trabalho. No início senti muita dificuldade, principalmente para saber qual a textura correta do papel em cada fase.

Vamos lá?

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1- Materiais: papel higiênico, água quente, cola branca,  liquidificador e recipiente fundo.

2- Retire o miolo de papelão do papel higiênico e pique com a mão todo o rolo dentro do recipiente.

3- Adicione a água quente (ela acelera o processo da quebra das fibras do papel). Se preferir usar água fria deixe o papel de molho por mais tempo.

4- Deixe o papel descansando na água por umas 2 horas mexendo de vez em quando. Se você utilizar a água quente utilize uma espátula para não queimar as mãos.

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5- Coloque pequenas porções do papel no liquidificador, mais ou menos 3 de água para 1 medida de papel.

6- Quando a massa tiver triturada é hora de escorrer a água. É fundamental retirar muito bem o excesso de água.

7 e 8 – Para auxiliar esse processo utilize um pano e torça até parar de escorrer água.

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9 – Volte o papel para o recipiente e esfarele um pouco com a mão pra deixá-lo mais granulado. Muitas pessoas finalizam aqui o processo da quebra das fibras do papel. Como gosto de trabalhar com pequenos detalhes na modelagem, repito o processo do liquidificador, mas agora sem a água.

10 – Em pequenos punhados volto a bater o papel no liquidificador. Ele ficará bem triturado, parecendo floquinhos de neve (imagens 11 e 12).

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13 – Acrescente a cola branca no papel triturado, não existe uma conta exata, é mais ou menos 250g para cada rolo de papel higiênico. Com o tempo você aprenderá a sentir a melhor textura para a sua modelagem. Só tome cuidado para não exagerar na cola.

14 – Misture bem, agora é a hora da mão na massa.

15 – O ponto certo é quando a massa fica uniforme. Faça testes utilizando uma pequena quantidade para fazer cobrinhas e bolinhas. Se a massa não quebrar é que você acertou o ponto.

16 – Como a modelagem de papel machê é feita em etapas, sempre divido em 3 porções. É a medida ideal para cada trabalho. As massas podem ser guardadas na geladeira por até 3 meses.

É isso aí. Se você tiver alguma dica para melhorar o meu processo, deixe um comentário aqui abaixo. É sempre bom compartilhar nossos conhecimentos para deixar nossos trabalhos cada vez mais lindos  😉

 

Toyart, minha paixão

De uns tempos pra cá resolvi colocar a mão na massa.
Com influência de dois artistas brasileiros, Rogério Camolez e Caio Morel, mergulhei no mundo mágico do toyart.
Através de um workshop da revista Zupi, conheci algumas técnicas e com o tempo fui adaptando massa, ferramentas e personagens.
Primeiro, precisava ter um propósito e a reutilização de embalagens e o papel machê me incentivaram.
Segundo, fomentar um hobby com algo que fizesse a hora passar e trouxesse um resgate interno, o meu mundo.
Terceiro, o desafio. E isso estou levando a sério. Cada toy foi feito com suas particularidades. Seja na massa, pintura, tecido ou esqueleto.
O engraçado é que pra mim eles possuem vida, e não consigo finalizá-los na maneira que imaginei inicialmente. Sim, eles decidem e eu apenas sigo as instruções.
Coisa de louco? Bem-vindo ao meu mundo.
Aqui vou dividir com vocês o passo a passo, minhas inspirações e dicas pra você que se comunica através dos meios mais inusitados

Psicodalia 2015

Em 2014 comecei a pesquisar uma viagem diferente para o próximo ano. Encontrei “Um lugar legal pra mim dançar e me escabelar. Tem que ter um som legal. Tem que ter gente legal e ter Cerveja barata”, a letra de Júpiter Maçã feita há muito tempo já parecia prever! E o lugar legal seria o Psicodalia, um festival que respira rock, arte e a vida.

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Juntar amigos na mesma pegada não foi difícil: Dú, Carlota, Gabi e Mariano abraçaram a causa comigo e o Rô. Saímos de Jundiaí e, após 10 horas de estrada, chegamos na Fazenda Evaristo, Rio Negrinho-SC.

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“A vida é feita de pedaços do céu, Hei man, pobre de que, não teve o seu”, e encontramos o nosso pedaço gramado pra montar a barraca, a trilha sonora, Ave Sangria no palco Lunar, começando às 23h, momento de nossa chegada. Depois de montar a barraca, curtimos o Bis e fomos descansar em êxtase. Mas ainda tínhamos que juntar a trupe, que chegaria por volta das 6h da manhã e, com uma sintonia permitida apenas para poucos e em poucos locais, nos encontraram em meio a tantas outras barracas sob chuva!

Se você gosta de música, tá no lugar certo. O som começa a rolar às 13h, seja na rádio Kombi, nas barracas e no Palco do Sol, no banheiro ou no restaurante. A música dita seu ritmo até começar os shows principais no palco Lunar. E para os fortes, o palco dos Guerreiros puxando o sol (no nosso caso ele não apareceu) e clareando o dia. Às 7h é hora do silêncio.

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A fazenda é linda, muito verde e bem estruturada. Banheiros separados para os números 1 e 2, chuveiros quentes espalhados por todos os campings. Apesar de que poderia dar uma ampliada nos chuveiros e a galera poderia se conscientizar e agilizar no banho. A moeda que vale é a Dália, um cartão trocado em guiches 1×1 com o Real, com dinheiro ou cartão de crédito.

“Vou descendo por todas as ruas e vou tomar aquele velho navio. Eu não preciso de muito dinheiro graças a Deus…” porque a galera comeu muito bem. O prato de macarrão à bolonhesa a R$ 8, assim como um generoso pedaço de pizza, o lanche a R$6, o chopp pilsen a R$6, chopp bucanera a R$8, a latinha de Brahma a R$4,20, água refil a R$0,80.

Se você não quiser desembolsar R$5 em um copo personalizado do Psicodália, leve o seu. Nada é servido em vidro ou copo descartável. Lá, cada um cuida do seu. Aliás, o lixo é separado entre orgânico e reciclado e dificilmente se via lixo no chão. A galera leva a sério o respeito com a natureza e a organização do festival mandou bem na equipe de limpeza.

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Choveu muito. Graças aos nossos amigos Gabriele e Mariano, nosso QG estava equipado com fogão, mesa e uma tenda. Curtimos muito nosso espaço porque a chuva não deu trégua. O meninos mandaram bem na “Tenda Truck”, com um rango sempre saindo no café da manhã e a tardezinha. Taí uma dica se você curte acampar com o mínimo de praticidade e conforto: leve fogão. E, no Psicodália, é permitido entrar com comida e bebidas. Dentro do festival é vendido gelo, o saco de 3k custava R$10 (caro!). Como a cidade fica só a 7km do sítio, muitos faziam comprar nos mercados locais, vale a pena.

Os shows são o auge do festival. Você percebe que não há uma correria para não perder determinado show aqui ou ali. O tempo passa mais devagar. Todos aproveitam ao seu modo, seja de frente ao palco, na barraca ou mandando um macarrão para dentro no refeitório.

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Delícia ver famílias com crianças pequenas, amigos, casais, jovens, velhos curtindo o verde, o lago, as músicas, oficinas, teatro e cinema. Tem de tudo, tem pra todos porque “louco é quem me diz, e não é feliz, não é feliz”.

Nem preciso dizer que fechamos com o grande Arnaldo Baptista, apesar de que é difícil falar essa palavra: “fechar”. Tudo ali foi e é um ciclo de vivência, reciclagem, experimentação, sensações, com uma trilha de anônimos, Jards, Orquestras, Joelhos, Babys, e você!

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