Tibúrcio, meu toyart em papel machê

Ultimamente meus trabalhos são feitos nas horas vagas, e elas raramente acontecem, infelizmente.

Esse carinha aí, o Tibúrcio, deu mais trabalho do que eu imaginava. Tentei mudar o tipo de massa e não deu certo. Por outro lado descobri outras técnicas, e o resultado final ficou lindão!

Como a maioria dos meus toys eu reaproveitei uma embalagem usada para estrutura do personagem.

O que tentei mudar foi o tipo de massa, substituí o papel higiênico pelo jornal. Não deu nada certo e também não sei onde errei – ele não aderiu a estrutura, ficou soltando, despedaçando, foi muito desesperador.

processo

Para não perder o trabalho preparei uma nova massa, agora usando a receita original, e salvei o Tibúrcio.

O que fez a diferença nesse toyart foi a utilização de novas técnicas de textura e pintura.

Para conseguir a textura do pelo utilizei uma agulha de costura – sim aquela fininha, e fiz risco por risco. Demorou quase uma hora todo o processo.

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Já na pintura, as minhas ousadias foram usar o degrade nos olhos e fazer o acabamento das manchas pretas. Minha preocupação era que ficasse o mais realista possível, e para isso usei um pincel bem fininho. O Resultado, deixo para você avaliar!

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Para quem não me conheceu – Muito prazer, Tibúrcio.

Não sei bem quando e onde nasci, aprendi a sobreviver.

Ganhei uma mãe, um pai e até avó, tudo de duas patas, eles me chamaram de Tibúrcio. No começo achei esquisito, mas me davam até leitinho de manhã, gostei dessa vida.

Lá no sítio o verde se emendava com o azulão sem fim. Gostava de olhar para o céu e sair andando sentindo o mato roçar as minhas patas.

Do mesmo jeito desligado que vim para o mundo também me meti em umas encrencas, perdi uns dentes, dei uma descadeirada, mas nunca deixei nenhum grandão se meter a besta. Briga de rua se resolve na rua. Depois voltava pra casa todo esfolado, levava umas broncas e me derretia com os cuidados delas.

Elas se auto chamavam de mãe e avó, mas para mim eram fadas madrinhas.

Entre mudanças e desavenças, venderam o sítio e me trouxeram para a cidade. Agora eu olhava para o cinza e o azul, me acostumei. Porque quando a vida te tira uma coisa, você ganha outra. Desta vez foram uns tios doidos. Eles nunca chegavam com as mãos vazias, tinha cerveja, carvão, carne e linguiçaaaaa. Só de lembrar já fico babando.

Eu já entendia muito bem como funcionava a bagunça e a minha posição era estratégica. Enquanto a Vida se escondia em qualquer canto e a Pequena corria atrás dos calcanhares e dedões, eu sentava ao lado da mesa – esqueci de falar, eu tinha mais irmãos peludos. Todo mundo que pegava um pedacinho de linguiça eu olhava no olho – você já deve imaginar a minha cara – e acabava ganhando outro bem quentinho, era um atrás do outro até a minha mãe gritar “para de dar comida para o Tibúrcio, depois sou eu que aguentoooo”. Não demorava, o samba rolava, a cerveja gelava e eu voltava a ganhar mais um pedaço.

No fim da festa ficavam meios gatos pingados, a brasa branda e era hora de deitar embaixo da churrasqueira e dormir no quentinho com a barriga cheia.

Hoje eu estou aqui, moro no azulão sem fim. Quando acontecem as festas na casa da minha mãe fazem questão de colocar a linguiça primeiro. Fico só olhando meus irmãos correndo atrás das bolinhas, mordendo dedos e se escondendo. Que bobos, nem percebem que a linguiça está esfriando.

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Publicado por

Paloma Cremonesi

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